Em 1997, lançou a Cátedra Padre António Vieira o primeiro número da sua revista Semear; agora, em 2004, está lançando o nono, prova de que nosso compromisso inicial de publicá-los anualmente foi cumprido, até com um pequeno excesso: em oito anos, nove volumes.
Todos tiveram uma mesma composição: divididos em duas partes, a primeira continha os textos do seminário anterior, a segunda, intitulada Varia, se compunha de textos produzidos pelos pesquisadores da cátedra. Esta segunda parte foi, cada vez mais, ocupada pelos nossos pós-graduandos, que se sentem valorizados e estimulados a produzir ensaios geralmente originados nas disciplinas que cursaram.
Neste ano de 2004, porém, vamos introduzir, na nossa rotina editorial, algumas alterações que marcarão uma data de grande importância para nós: faz dez anos a Cátedra Padre António Vieira de Estudos Portugueses, de cuja instalação participamos e à qual vimos dando parte significativa de nosso tempo e de nossa capacidade de trabalho. Estamos convencidos de que, nesta navegação de uma década pelas águas dos estudos portugueses, temos estimulado muitos a nos acompanharem, temos fincado, na areia das praias ou nas terras devassadas, o nosso padrão.
As alterações externas que nos pareceram válidas não atingirão os nossos leitores neste número que aqui e agora se apresenta, mas no seu confronto com o nº 10, que se lança ao mesmo tempo. Aparecendo juntos, farão ressaltar imediatamente a sua diversidade externa de cor, recorte gráfico, etc., mas manter-se-á o título e, a ele fatalmente presa, a epígrafe que o explicita, tanto como à missão do seu patrono, o padre António Vieira: "Exiit qui seminat seminare ". Continuamos, pois, fiéis à nossa primeira proposta de uma revista que lançasse a semente e a fizesse germinar.
Internamente, porém, mudaram-se pela primeira vez os critérios: em lugar das conferências proferidas no seminário anterior, estarão ensaios solicitados aos que chamamos "amigos da cátedra", isto é, aos que têm participado de outros seminários.
Não se trata, pois, de um volume temático, mas de um conjunto que abrange um leque de autores, obras, temas, épocas e abordagens diversos, tomados de vários tempos da história, desde a Idade Média à contemporaneidade, de uma cultura predominantemente luso-brasileira, mas em que a África tem o seu lugar, com paragens, sobretudo, em escritores portugueses - Eça de Queirós, Fernando Pessoa, António Lobo Antunes José Cardoso Pires, José Saramago e Teolinda Gersão - e um brasileiro, Bernardo Carvalho.
Sob a sua capa já tradicional - de que teremos alguma saudade - abrigam-se ensaios voltados para preocupações bem atuais, tais como o problema da identidade, nacional ou outra, a encenação da vida moderna, os "canibalismos recíprocos", a cultura de massa, mantendo-se, pois, a postura adotada desde o nº 1: do presente, olhar o antes e o agora, com visão clara e não toldada por preconceitos, com uma reflexão fundada em teorias válidas, mas não por elas asfixiada. Assim encerramos o que poderíamos chamar o primeiro ciclo de vida de Semear .