RESUMO: O texto de Eduardo Prazeres dos Santos analisa “O Delfim”, de José Cardoso Pires, como um romance que, embora incorpore elementos do gênero policial clássico e contemporâneo, subverte suas convenções ao não focar na solução do crime, mas na investigação social e na crítica a um sistema opressor. O autor compara a obra a um “cozy mystery”, um subgênero policial que prioriza o conforto e a resolução comunitária em detrimento da violência explícita, mas distingue “O Delfim” pela sua capacidade de inquietar o leitor e questionar as narrativas oficiais através da pluralidade de vozes e versões. A não-ação do narrador-investigador em solucionar o mistério, ao invés de deslegitimar a obra como romance policial, legitima-a como uma inovação que utiliza a estrutura do gênero para explorar questões políticas, históricas e sociais, culminando em um desfecho que, ao invés de punir o culpado, promove uma melhoria nas condições de vida da comunidade, configurando um banquete democrático.