RESUMO: O artigo compara Conversazione in Sicilia, de Elio Vittorini, e O Hóspede de Job, de José Cardoso Pires, como obras neorrealistas que inovam ao tratar a relação entre realidade e representação literária através da metáfora da viagem. Wander Melo Miranda argumenta que ambos os autores superam o documentalismo estrito, utilizando a viagem como um processo de conscientização do narrador e dos personagens sobre a miséria e opressão. Enquanto Silvestro, em Vittorini, tem uma experiência indireta que o leva a reflexões sistemáticas sobre o "mundo ofendido", Aníbal e Portela, em Cardoso Pires, vivenciam diretamente os efeitos da dominação, culminando em uma "paciência-resistência" que, apesar da imobilização imposta, sugere a busca por novos caminhos, configurando a literatura como um espaço de denúncia e transformação.