RESUMO: O texto analisa a figura multifacetada de Mário Cesariny, em seu centenário, destacando sua importância não apenas como poeta e artista plástico, mas principalmente como ensaísta, polemista e propagador do surrealismo em Portugal durante e após o salazarismo. O autor explora a recepção inicial do surrealismo português por André Breton, marcada pelo desinteresse do mestre francês, o que, paradoxalmente, teria conferido ao movimento luso uma matiz original e periférica. Através da análise de obras como A intervenção surrealista e As mãos na água, a cabeça no mar, bem como de entrevistas, o artigo demonstra como Cesariny construiu uma crítica acurada, defendendo a liberdade inerente ao surrealismo e posicionando-se contra o formalismo e a consolidação acadêmica, afirmando, inclusive, a natureza clandestina e rebelde do movimento em face da ditadura.