RESUMO: O texto "Eça de Queirós: a revolução escrita", de Isabel Pires de Lima, examina a intrínseca relação entre a "revolução escrita" e a "escrita da revolução" na obra de Eça de Queirós, desde sua juventude na Geração de 70. A autora destaca como Eça, influenciado pelo ideário socialista proudhoniano e pela liderança de Antero de Quental, concebeu o realismo como um instrumento de intervenção social para a verdade e a justiça, utilizando a ironia como uma poderosa ferramenta de subversão estética e social. Ao longo de sua carreira, Eça evolui para um realismo heterodoxo, subvertendo o romance de tese e explorando a opacidade do real, o que se manifesta em suas obras finais pela desestruturação narrativa e pelo questionamento dos paradigmas científicos e ontológicos, culminando em uma "crise aporética" que ele sublima através da arte, fazendo da literatura uma forma de mediação da revolta em espírito e um "cruzado da utopia".