RESUMO:O texto de Luís Trindade, "Revolução Escrita: o aprendizado da liberdade", aborda a complexa relação entre a produção literária e o tempo acelerado da Revolução Portuguesa de 1974-1975. A partir da questão levantada por Eduarda Dionísio sobre a aparente interrupção da escrita artística durante esse período, o autor investiga como a literatura, especialmente através do Congresso dos Escritores Portugueses de 1975, refletiu a busca por um novo papel, oscilando entre uma missão pedagógica (neorrealismo) e a defesa da autonomia criativa (Sophia de Mello Breyner Andresen). Trindade explora a ideia de que a "literatura destes tempos nestes tempos" pode ter se manifestado não nos livros tradicionais, mas nas textualidades cotidianas e efêmeras — como os slogans e escritos de rua —, indicando uma "densidade discursiva" que se aproxima da tomada da palavra como um ato revolucionário, conforme sugerido por Michel de Certeau.