Seguindo a tradição épica, Camões utiliza n'Os Lusíadas mais de um narrador. Um narrador global (que chamaremos Narrador1 ) introduz os narradores secundários, narradores-personagens (Narrador2, 3, etc), os quais assumem temporariamente a narração. O narrador secundário mais importante é Vasco da Gama, a quem é dado narrar três cantos quase inteiros: da segunda metade da terceira estrofe do canto III, à estrofe 90 do canto V. E, note-se, sem nenhuma interrupção. Outros narradores são: Paulo da Gama, a Ninfa da Ilha dos Amores, Tethys, etc.
Qual a intenção do Poeta ao variar o emissor da narrativa? Parece-nos podermos responder que mais de um motivo o teria levado a tal. No caso específico de Vasco da Gama, obedeceu ao que a epopéia antiga lhe ensinava, iniciando o poema in medias res [1] e em seguida retornando ao passado, através da palavra do herói, fosse ele Ulisses, Enéias ou Vasco da Gama. No caso de Tethys e da Ninfa, pôde, sem inverossimilhança interna, prever o futuro (que o era, em relação à viagem, mas passado em relação ao poema); na apresentação das bandeiras por Paulo da Gama, insistiu sobre o que, em grande parte, tinha sido dito por Vasco, sem que um deles se repetisse. Em nenhum momento, porém, a mudança do foco narrativo acarreta uma nova visão.
Não há como considerar no poema várias visões (V1 , V2, V3, etc), cuja soma daria uma visão estereoscópica [2] da narrativa, que poderíamos representar por
V1 + V2 + V3 + ... + Vn = åV,
mas a mesma visão, só aparentemente mudada (V1 = V2 = V3 = V4 = Vn) por ter mudado o narrador. A soma se transformaria num produto do único elemento real V1 pelo número de vezes em que aparece, como ele mesmo ou disfarçado em outros (V2, V3, V4, etc.):
V1 + V2 + V3 + ... + Vn = nV1
e na multiplicidade de narradores haveria apenas a intensificação da única visão da narrativa - a do Narrador1.
Embora dotados da mesma visão, os narradores se distinguem entre si por vários aspectos, inclusive pela matéria que lhes cabe narrar. Vejamos, por exemplo, como e por quem são apresentados os personagens mitológicos, que Camões, com muita propriedade, só faz intervir na ação quando as naus se encontram no Oceano Índico, e isso porque a costa ocidental da África já tinha sido percorrida até ao Cabo das Tormentas, onde chegara Bartolomeu Dias. Até aí havia roteiros, o oceano se tornara "possivel" [3] ; aí começava para homens do fim do século XV, quase XVI, o desconhecido. Do outro lado do cabo, havia que contar com mais que a força humana. É então que acima dos homens, no Olimpo, os deuses sentem que devem intervir: é o momento de Baco armar ciladas que irão sendo destruídas por Vênus, uma a uma.
Toda a primeira parte da viagem, até à passagem do cabo, e mais um pouco, até Moçambique, é narrada por Vasco da Gama ao rei de Melinde.
Durante o percurso ao longo do Oceano Atlântico, nenhuma intervenção humana obstará a passagem aos portugueses; já na costa oriental suportam a dura provação do escorbuto e logo a seguir começarão os ataques dos nativos. Às falsidades dos habitantes de Moçambique e de Mombaça Vasco da Gama apenas alude, lembrando que o melindano já tinha notícias delas. De fato, nos cantos I e II, tinha-as contado o Narrador1, que retomará a palavra, no início do canto VI, para levar os navegantes à Índia e de lá trazê-los de volta, premiando-os na Ilha dos Amores.
Ora, se a intervenção dos deuses só vai surgir quando estiverem as naus no Oceano Índico, só o Narrador1 falará deles. Assim é, e assim deve ser, para que se preserve a verossimilhança do texto: em nenhum momento, durante a viagem, os homens se dão conta de que estejam sendo perseguidos por Baco ou ajudados por Vênus. Vasco da Gama, diante de cada perigo que o assalta, vê apenas os elementos da natureza ou os nativos que lhe são adversos; implora a Providência Divina e a ela agradece, logo que o perigo é removido. O Narrador1, onisciente, é o único que sabe - e informa o leitor - do que está por trás das aparências.
Uma vez, porém, Vasco da Gama se viu diante de um personagem mitológico, falou-lhe e ouviu-lhe a voz. Como explicar a aparente incoerência do geralmente chamado episódio do Adamastor?
Comecemos por dizer que não nos parece que se trate de um episódio, pois que tal palavra (do grego epeisodion, "o que vem de fora") designa uma ação incidente, ligada à ação principal, algo que não se poderia incluir nas funções cardinais, consecutivas e conseqüentes, de que fala Barthes [4] , e que abrem sempre uma alternativa, possibilitando a opção por um de dois caminhos. No caso, o gigante poderia ou não ter deixado passar a armada; se sobre ela - e não sobre armadas futuras - se abatesse a sua fúria, ainda dessa vez a Índia não teria sido alcançada. Por isso, julgamos que não se trata de um episódio, mas de um conjunto de funções, uma das micro-seqüências da narrativa.
A esquadra de Vasco da Gama era mais uma que tentava os mares, alguns "nunca de antes navegados" (I, 1, v. 3), outros "nunca doutrem navegados" (V, 37, v. 3), porque por lá passara "a Lusitana gente" (I, 30, v. 8). Quando os primeiros navegadores, partindo de Sagres, se aventuraram nos caminhos do mar, os medos começavam muito perto, pois muito perto era o desconhecido. Pouco a pouco, foram vendo que seus medos "Tinham coral e praias e arvoredos" [5] e foram-nos empurrando para o sul, até que todos se concentraram naquele cabo do fim, onde se escorriam "os medos do mar sem fundo" [6] . Para ali se transferira o desconhecido.
Vasco da Gama seria o primeiro a transpô-lo. De mistura com o desejo de glória, com a ambição, legítima ou não, de lucro e mando, ele traria o temor da grande aventura: o seu e o que lhe legara um longo passado trágico-marítimo. É ele mesmo que diz que a aparição lhes "pôs nos corações um grande medo" (V, 38, v. 2) e mais: que se arrepiaram "as carnes e o cabelo / A mi e a todos só de ouvi-lo e vê-lo" (V, 40, vv. 7-8). Ao aproximar-se do cabo,
[...] ua noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Ua nuvem que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.
Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo o negro mar de longe brada
Como se desse em vão nalgum rochedo. (V, 37, vv. 5-8 e 38, vv. 1-4)
"Estando descuidados", diz Vasco da Gama, surge-lhes diante - visível e audível - alguma coisa maior que tormenta (V, 38, v. 8), com terríveis feições humanas e voz "que pareceo sair do mar profundo" (V, 40, v. 6). E que diz essa voz? Faz ameaças de "Naufrágios, perdições de toda sorte, / Que o menor mal de todos seja a morte" (V, 44, vv. 7-8), isto é, as ameaças que o "grande medo" preveria, as que estariam à espreita no "nunca visto Promontório" (V, 50, v. 6).
Profetizadas as desgraças que os portugueses iriam atrair por sua ousadia, "Mais ia por diante o monstro horrendo" (V, 49, v. 1), quando o capitão o interrompe.
Mas voltemos atrás, para melhor apreender a estrutura desta importante passagem d'Os Lusíadas, que se compõe de vinte e quatro estrofes (canto V, 37-60), assim distribuídas:
Estrofes 37-38: introdução (2)
Estrofes 39-48: Adamastor 1 (10)
Estrofe 49: transição (1)
Estrofes 50-59: Adamastor 2 (10)
Estrofe 60: epílogo (1)
Como se vê, há uma distribuição muito equilibrada das partes: das vinte e quatro estrofes, quatro se destinam à introdução, transição e epílogo; as vinte restantes, divididas ao meio, apresentam o herói da seqüência. Tanto Vasco da Gama como o Adamastor aparecem como narradores e como personagens. Pelo mesmo sistema de encaixe [7] que inseriu a narrativa de Vasco da Gama (Narrador2) na grande narrativa do Narrador1, a do Adamastor (Narrador3) [8] se insere naquela. Um simples gráfico no-lo mostrará:
O Narrador2, depois de uma indicação perifrástica do tempo, começa a descrever a espantosa figura que se agiganta à frente das naus (V, 39-40, vv. 1-4): surgida da noite e da nuvem tempestuosa, ao som do mar, é disforme em sua grandeza e fealdade. Passa-lhe Vasco da Gama a palavra e ouve-lhe profecias e maldições. Da ameaça geral a todos que ali vieram passa à ameaça nominal a Bartolomeu Dias, D. Francisco de Almeida e Sepúlveda; abranda-se um pouco a cólera inicial ao prever o infortúnio deste último, "cavaleiro, enamorado", que "consigo trará a fermosa dama / Que Amor por grão mercê lhe terá dado" (V, 46, vv. 2-4). Os adjetivos com que qualifica Leonor de Sepúlveda pertencem à área semântica da beleza, da suavidade: "fermosa dama", "linda dama", "delicados pés", "cristalinos membros e perclaros" (V, 47); os que se aplicam ao cabo e seus habitantes ou ao que eles causam aos dois amantes são da área da aspereza e da desgraça: "triste ventura e negro fado", "terreno meu, [...] duro e irado" (V, 46, v. 5-6), "Cafres ásperos e avaros" (V, 47, v. 3), "férvida e implacábil espessura" (V, 48, v. 4). Tal adjetivação, reveladora da emotividade do Narrador3, prepara a passagem do primeiro ao segundo Adamastor; a capacidade de enternecer-se com o triste fim de dois amantes lhe vem da própria capacidade de amar, no seu caso, de amar sem ser amado. É a história de seu amor infeliz que contará a Vasco da Gama em resposta ao "Quem és tu?" (V, 49, v. 3), apresentando-se outro, tão outro que a sua resposta surpreende a quantos o ouvem.
Com a previsão do naufrágio de Sepúlveda terminam, pois, as dez estrofes que caracterizam a primeira face do Adamastor. Depois de nova interferência do Narrador2, a interpelá-lo, temos a nova fala, expressão de uma outra face - inesperada, como dissemos. Transforma-se o gigante. E a sua primeira transformação claramente sensível (o seu abrandamento diante dos Sepúlvedas era pouco mais que um índice) vem no nível do significante [9] , isto é, no tom da voz: o primeiro Adamastor falara "Cum tom de voz [.....] horrendo e grosso" (V, 40, v. 5), o segundo falará "com voz pesada e amara, / Como quem da pregunta lhe pesara" (V, 49, v. 7-8). A voz da ameaça passou a voz do pesar, da amargura. É pesada bissemicamente - porque reveladora de pesar e porque dificultosa. Através da nova voz, um novo tipo de discurso surgirá: no primeiro, a função dominante da linguagem era a conativa, pois que o locutor se dirigia a seu alocutário, tentando intimidá-lo, desviá-lo do seu caminho. O discurso versava sobre o relacionamento entre os dois interlocutores: os feitos de um - "Pois os vedados términos quebrantas / E navegar meus longos mares ousas" (V, 41, vv. 5-6),
Pois vens ver os segredos escondidos
Da natureza e do úmido elemento,
A nenhum grande humano concedidos
De nobre ou de imoral merecimento (V, 42, vv. 1-4) -
e a reação de cólera e a promessa de vingança do outro - "Ouve os danos de mi, que apercebidos / Estão a teu sobejo atrevimento" (V, 42, vv. 5-6) e
Sabe que quantas naos esta viagem
Que tu fazes, fizerem, de atrevidas,
Inimiga terão esta paragem
Com ventos e tormentas desmedidas. (V, 43, vv. 1-4)
E nos damos conta de que o emissor da mensagem é, simultaneamente, o sujeito da ação a ser realizada, enquanto que o receptor é o destinatário da mesma.
Isso acontece por estarmos diante de um enunciado performativo (segundo Austin) [10] , que se caracteriza por descrever uma ação do seu locutor e ao mesmo tempo ser esta ação cumprida pela sua enunciação. É o caso das frases que começam por "eu prometo" que, no texto que estamos estudando, está implícito. Neste tipo de discurso é muito importante o ato ilocutório [11] que se realiza, pois que altera a situação dos interlocutores: o gigante assume um compromisso, acrescenta-se uma obrigação; Vasco da Gama (sintetizando os navegantes portugueses) encontra-se diante da alternativa de obedecer ou não. Assim se cria a necessidade de opção de que falávamos atrás, ao considerar o Adamastor como uma seqüência da narrativa.
Pressentida a primeira transformação pelo Narrador2, assume o Narrador3 a narrativa: uma autobiografia em que principia por dizer o que é - um promontório - e o que foi - um Titã, um "dos filhos aspérrimos da terra" (V, 51, v. 1). Como seus irmãos, revoltou-se contra Júpiter; mas, diferente deles, seu ato de rebeldia foi buscar a armada de Netuno, pois que era "capitão do mar" (V, 51, v. 7). Seu infortúnio foi amar demais a quem o não amava; desamado, ludibriado, escarnecido, viu-se ainda castigado pelos deuses e metamorfoseado em "terra dura" e "penedos" (V, 59, vv. 1-2).
Retoma Vasco da Gama a palavra para pôr o fecho à seqüência, descrevendo a última atitude do Adamastor:
Assi contava, e cum medonho choro
Súbito d'ante os olhos se apartou;
Desfez-se a nuvem negra e cum sonoro
Bramido muito longe o mar soou. (V, 60, vv. 1-4).
Repassando os pontos essenciais do que ressaltamos até aqui, lembremos as circunstâncias em que se dá o aparecimento e o desaparecimento do gigante: surge de "Ua nuvem que os ares escurece" (V, 37, v. 7) enquanto, na tensão da expectativa, só se ouve a voz do mar ("Bramindo o negro mar de longe brada"); quando fala o Adamastor, sua voz "pareceo sair do mar profundo" (V, 40, v. 6) e quando desaparece, desfaz-se "a nuvem negra" (V, 60, v. 3) e outra vez, cessada a sua voz, só se ouve a voz do mar ("cum sonoro / Bramido muito longe o mar soou" - V, 60, vv. 3-4). Além disso, quando responde a Vasco da Gama, o gigante se identifica como "aquele oculto e grande Cabo / A quem chamais vós outros Tormentório" (V, 50, vv. 1-2), e logo adiante como o "nunca visto Promontório" (V, 50, v. 6). Sua caracterização, pois, está muito longe de ter a autonomia e a nitidez da das outras divindades mitológicas: parece ter sido gerado na escuridão da noite tempestuosa e também - passe a ousadia - na obscuridade do inconsciente individual de Vasco da Gama (e do Narrador1?) onde se projetava o inconsciente coletivo do povo português [12] . Como dissemos atrás, no Cabo se refugiavam os medos perseguidos pelas naus, mas conservados no fundo de cada um dos que partiam ou ficavam. E esses medos assumiram, dentro da tempestade, forma sobre-humana grande bastante para se opor à passagem dos navegantes. Só um semideus, um Titã capaz de lutar "Contra o que vibra os raios de Vulcano" (V, 51, v. 4) poderia enfrentar a "gente ousada mais que quantas / No mundo cometeram grandes cousas" (V, 41, vv. 1-2). Essa face temerosa, a única que se conhecia até então, voltada para o Ocidente, era a projeção da imagem ancestral dos perigos. Como a Esfinge, ali estava o colosso a propor aos que tentavam passagem o enigma e a alternativa por ele criada: "Decifra-me ou te devoro". O enigma era a sua força; decifrada, a Esfinge perdeu-a e matou-se. Assim também o Adamastor, desvendado, revelou a outra face, a face da fraqueza, até aí irrevelada. Não se mata, na verdade, mas perde a sua unidade aparente, passa a ser a imagem do povo que o decifra e que nela se projeta para nela se reconhecer [13] . É o momento da criação do mito: "en bref projection inconsciente de l'explication des choses, par une societé donnée. [.....] créer un mythe nouveau, c'est projeter par refraction l'image d'une société apte à se conformer au mythe nouveau" [14] .
O novo Adamastor foi "capitão do mar", buscou a "armada de Netuno" (V, 51, vv. 7-8), mas deixou-se perder por amor. Enganado, sofre, mas já agora prefere o engano à desilusão total:
Ó Ninfa, a mais fermosa do Oceano,
Já que minha presença não te agrada,
Que te custava ter-me neste engano
Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada? (V, 57, vv. 1-4)
Não difere muito deste apelo patético o do fado popular:
Não digas não, dize sim
Inda que amor não sintas;
Não digas não, dize sim,
Dize sim inda que mintas.
ou o desejo expresso pelo próprio Camões, sabedor de que os amores são falsos:
oxalá que enganadores! (Rh, fo. 162 r) [15]
Será demais insistir nas semelhanças entre o gigante e o povo que o afronta? Ambos são capitães do mar, ambos defendem com bravura o próprio solo, ambos sabem fazer a crua guerra, mas também são ambos sensíveis à beleza feminina, capazes de amar com extremos e contentar-se com enganos de amor.
Parece-nos que assim se resolve a incoerência a que nos referimos atrás, da presença de um ser mitológico no discurso de Vasco da Gama, a qual seria agravada pelas últimas palavras deste ao rei de Melinde, confrontando a verdade que conta "nua e pura" (V, 89, v. 7) com os fingidos semideuses, Circes e Polifemos (V, 88, vv. 2-3). O Adamastor é mais que um ser mitológico, pré-existente ao poema: é o mito, que se manifesta através da criação artística, no nível da enunciação [16] .
[1] HORACE. "Art poétique". In: Oeuvres d': texte latin. 13e. éd. Paris: Hachette, s.d., p. 599, v. 148.
[2] TODOROV, Tzvetan. "Les catégories du récit littéraire". In: Communications (8). Paris: Seuil, 1966, p. 142.
[3] PESSOA, Fernando. Mensagem, 4. ed. Lisboa: Ática, 1950, p. 54: "immenso e possivel oceano". Utilizo a 4a. edição da Ática, de 1950, que mantém a ortografia usada por Fernando Pessoa, já ultrapassada ao tempo do poeta, mas que considero expressiva especialmente nesta obra.
[4] BARTHES, Roland. "Introduction à l'analyse structurelle des récits". In: Communications (8). Paris: Seuil, p. 10.
[5] PESSOA, op. cit., p. 52.
[6] Ib., p. 57.
[7] TODOROV, op. cit., p. 140.
[8] Quando nos referimos aos vários narradores do poema, chamamos Narrador3 a Paulo da Gama; aqui, onde excepcionalmente só estamos falando dos dois narradores maiores (N1 e 2), usamos N3 para o Adamastor.
[9] Usamos significante no sentido saussuriano do termo.
[10] DUCROT, Oswald et TODOROV, Tzvetan. Dictionnaire encyclopédique des sciences du langage. Paris: Seuil, 1972, p. 427-9.
[11] Ibid., p. 428.
[12] Cf. FRETIGNY, Roger et VIREL, André. "L'apport des techniques d'imagerie mentale à l'étude de l'imaginaire". In: CIRCÉ (1): Études et recherches sur l'Imaginaire réunies par Jean Burgos. Paris: Lettres Modernes, 1969, p. 141: "[L'Imaginaire] rétablit la perméabilité entre l'individu et le collectif et ce n'est pas là sa moindre fonction - car l'Imaginaire est, avant tout, collectif". Cf. também p. 142 e 144.
[13] Cf. PALMIER, Jean-Michel. Lacan: le Symbolique et l'Imaginaire. 2.éd. Paris: Editions Universitaires, 1970, p. 20 ss.
[14] "em resumo, projeção inconsciente da explicação das coisas, por uma dada sociedade. [...] criar um novo mito é projetar por refração a imagem duma sociedade apta a conformar-se ao novo mito." DUROZOI, Gérard et LECHERBONNIER. Le Surréalisme. Paris: Larousse, 1972, p. 147.
[15] Último verso das "Voltas próprias" à "Cantiga velha", cujo incipit é "Apartam-se os meus olhos". (Rh, fo. 161 v)
[16] Cf. nota 12.
[16] HORACE. "Art poétique". In: Oeuvres d': texte latin. 13e. éd. Paris: Hachette, s.d., p. 599, v. 148.
[16] TODOROV, Tzvetan. "Les catégories du récit littéraire". In: Communications (8). Paris: Seuil, 1966, p. 142.
[16] PESSOA, Fernando. Mensagem, 4. ed. Lisboa: Ática, 1950.
[16] BARTHES, Roland. "Introduction à l'analyse structurelle des récits". In: Communications (8). Paris: Seuil, p. 10.
[16] DUCROT, Oswald et TODOROV, Tzvetan. Dictionnaire encyclopédique des sciences du langage. Paris: Seuil, 1972, p. 427-9.
[16] Cf. FRETIGNY, Roger et VIREL, André. "L'apport des techniques d'imagerie mentale à l'étude de l'imaginaire". In: CIRCÉ (1): Études et recherches sur l'Imaginaire réunies par Jean Burgos. Paris: Lettres Modernes, 1969, p. 141: "[L'Imaginaire] rétablit la perméabilité entre l'individu et le collectif et ce n'est pas là sa moindre fonction - car l'Imaginaire est, avant tout, collectif". Cf. também p. 142 e 144.
[16] Cf. PALMIER, Jean-Michel. Lacan: le Symbolique et l'Imaginaire. 2.éd. Paris: Editions Universitaires, 1970, p. 20 ss.
[16] DUROZOI, Gérard et LECHERBONNIER. Le Surréalisme. Paris: Larousse, 1972, p. 147.