RESUMO:O artigo "O Livro dos Rios: uma máquina de pensamento", de Pedro Beja Aguiar, propõe uma leitura do romance de José Luandino Vieira como uma "máquina de pensamento" que desafia a hegemonia da visão ocidental moderna, apresentando uma interpretação de mundo alternativa no universo cultural da língua portuguesa. Aguiar analisa como o texto subverte a linearidade temporal e a verdade absoluta das narrativas históricas, utilizando a memória do ex-guerrilheiro Kene Vua/Kapapa, que se confunde com os rios angolanos, para tecer uma trama onde a fábula e a oralidade resgatam a história da nação. Através da linguagem poética e da sobreposição de vozes e tempos, a obra reumaniza sujeitos subalternizados e critica o empreendimento colonial, construindo uma "mundividência mestiça" que se opõe à racionalização moderna e propõe uma Angola independente, forjada na intersecção entre reminiscência e o caos imposto pelo colonialismo.