Imagens do real e a escrita da experiência (2023)

António Lobo Antunes: ficção e cotidiano

RESUMO: O ensaio de Alexandre Montaury examina a obra de António Lobo Antunes, destacando a representação da atmosfera portuguesa pós-1974, com foco nos anos 80 e 90, e a crise de valores em uma sociedade engessada em pressupostos modernos. Montaury analisa a poética do autor, que se manifesta na complexa arquitetura narrativa construída por relatos fragmentados de personagens imersos em suas memórias e na impossibilidade de expressar plenamente o afeto. Através de uma estrutura formal que remete à azulejaria portuguesa, Lobo Antunes explora a falência dos mitos modernos e a perda de referenciais, apresentando personagens que, em sua pessoalidade excessiva e em meio a um "mundo em ruínas", buscam significado em um caleidoscópio de rememorações e interpretações, onde a ausência e o silêncio se tornam elementos temáticos e formais cruciais.

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